segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

DELIRIO CINCO

Por delírio aqui o que me recorda um toque de dor e escuridão
que se estabeleceu ao longo do tempo, em toda a sua extensão,
enquanto flutuávamos e projetávamos o futuro que jamais se poderia sonhar mas que era da natureza dele mesmo, o nosso, Um dia assim de delírio, no silencio da bolha de um planeta selvagem.

Te observo agora, com ironia.

BOLA

PERTURBAÇõES

Pois meu sonho não mais se culmina no
acordar, mera continuação das imagens
agora feitas passos,atos e palavras,
agora fatos, pedaços de vida.
Nessa louca fusão
do sonho e do tudo real,
sou pêndulo,
sou o marcar das minhas horas, o crispar das minhas mãos.
E jaz meu corpo torto em aço,
em cama estranha, em teto claro,
em plena escuridão., espinhado, espinhento.
Rebento as asas, em consequencia de coisas estranhas.
E saio da casa a caminho das ruas,
das ruas...das ruas...
E agora, em que apagou-se as luzes,
novamente afundo-me na cama.
E, na penumbra que não se tornou um olhar furtivo,
deixo-me arrastar por caminhos sempre estranhos a mim.
Sedutores, inconsequentes.

Mas, no meio das chamas,
teu grito crepita e azula,
teu corpo enrijece,
0 momento incandesce
e se anula no teu olhar
que se joga num lago sem vidas
de águas profundas.

Te vejo assim como és
envolto em raios, iluminado.
E te arremesso ao cuspir
no chão imundo.
Até que, como uma larva,
te transformes
em borboleta prateada
e viva tuas poucas horas
de flor em flor
com o movimento
que te dá vida

Compeito21aa

Já sem palavras,
me repito em atos.
E fito o mito
que se transpõe a luz
o saber
e a dor.
Mas com os dias,
se mostra o fato
de viver um grito,
sem roçar a gula,
sem cair suor.

Sou a carne crua
agora em que me mostro nu
e que me ofereço.
E não me satisfaço
com teu olhar somente...
Abro a tua boca e grito –
Quem está ai?
Quem sou eu assim teu diferente?

No tempo,
a informação informa
meu segundo em vida,
na emoção de sentir,
de viver o teu.
E leva ele contigo,
sabendo da rota,
da meta que já se faz,
que me levou para longe,
fora da rota,
da meta que já se faz.

De mar em mar,
hoje flutuo,
nem mais navego.
Não sulco mais.
Abordo somente a primeira dama,
que somente vaga,
que somente paira.
De mar em mar,
hoje transcendo
em constante roçar,
caricias suaves das ondas
que exterminam meu casco.
De mar em mar,
Amanhã afundo.
De mar em ar,
levo comigo a dama
e a afogo.

Muito aberto e escancarado
meu peito abocanha
o que fantasmagoricamente
paira na estrada.
Vindo de longínquos pastos,
de campos vastos,
verdes de sonhos e passados.
Parado entre as ruínas
observo:
0 rotineiro ciclo das coisas,

qualquer fim, qualquer começo

E esses animais que infestam
meus olhos, ouvidos e mãos,
enterrarei na terra fértil,
ao cair da tarde.
E por longinquos campos
retornarei a um tempo que eu queira:
No cheiro da terra molhada,
num tronco de arvore.
Meu corpo fundir-se-á
em minha volta
ao começo de tudo.

La fora atravessou a mascara na face.
E de um corte profundo no peito,
jorrou toda sua incerteza.
Me esfriou, enregelou, dificultou meu respirar.
E me aspirou.

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