segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

DELIRIO SETE

Foi esse meu ultimo gesto:
um ferro em brasa que rasgou meu corpo, queimou minha alma
e fez de mim o que sou.
E com meu pé de rosas sentei por detrás da arvore e arrisquei falar
da sua importância, da sombra, do sentido aberto, de que nada falha.
Mas, de minha boca enorme só saiam bolhas, folhas caiam ao chão,
vendo cair a poeira, o sol para o seu lado certo.
E eu tão inquieto, pétala por pétala, comi as flores.
Oh! dores, outono de um mês qualquer.
Nada pude fazer.

E por uma quase e invisível fenda,
foi-se mais um dia.
Sumiram estrelas,
luar e a noite quente
gente, vida, vinho...
Foi-se tudo.
Eu, minha consciência.
Nada restou.
Nem meu presente.
Apenas uma quase e invisível fenda.

E com minhas vestes de bobo,
tolo ficastes.
E acreditastes porém,
que, se de bobo vestisses teu corpo,
irias fazer rir como eu,
chorar nas noites
e morrer para o tempo.
Tolo ficastes
sem saber das tuas próprias vestes.

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